segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ser jovem e continuar vivo

Em 12 de novembro último, sob pretexto fútil, dezenas de alunos de uma escola do Belém, zona leste de São Paulo, promoveram um quebra-quebra das salas de aula. Ameaçaram as mestras, destruíram móveis e quebraram vidros arremessando cadeiras. Nas paredes, segundo o noticiário, picharam desenhos de armas, citações do Código Penal e a sigla do PCC, principal facção criminosa de São Paulo e, agora, do país. A escola chamou a polícia, também recebida com violência pelos jovens.

Oito dias depois, em Londrina, PR, 40 estudantes de medicina da universidade do Estado foram comemorar sua formatura num bar. De cara cheia, tarde da noite, invadiram o hospital universitário aos gritos, bebendo pelo gargalo, despejando nuvens de spray de espuma, soltando foguetes e ofendendo os pacientes petrificados. As câmeras identificaram 14 deles, que, supunha-se, não poderiam colar grau.

Na semana passada, um cruzeiro para universitários entre Santos e Rio foi palco do terror em tempo integral. Rapazes e moças jogaram malas de passageiros no mar, urinaram nos corredores, vomitaram sobre o bufê, fizeram sexo a céu aberto e lotaram a enfermaria com dezenas de intoxicações por álcool, ácido, cocaína e ecstasy.

Mas, desta vez, houve um acidente de percurso. Com a viagem ainda no começo, uma estudante de direito, Isabella, 22 anos, apareceu morta, talvez asfixiada pelo próprio vômito. O corpo foi removido em Ilhabela, e o passeio continuou, com a mesma e desesperada euforia.

Nunca foi tão difícil ser jovem e continuar vivo.
Os apelos ao prazer são muitos e a facilitação, presente em todos os setores, maior ainda.
Os vândalos de Londrina, por exemplo, colaram grau pelo diploma, são médicos.
Uma tragédia como a de Isabella talvez não sirva para nada.

Ruy Castro
– Folha de São Paulo – edição de 29/12/08

Algumas questões para nossa reflexão:

1. O que tem levado tantos jovens a tragédias e situações como as mostradas neste texto?

2. O que falta aos jovens tanto da classe média quanto das classes mais populares?

3. Nosso grupos, na Igreja, poderiam ser uma opção a eles?

4. Como fazer chegar aos jovens a mensagem do Evangelho?

5. Como tornar nossos grupos mais missionários e inseridos na realidade dos lugares específicos onde estão os jovens?

6. Como ser exemplo de vida para estes jovens?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Natal Festa da Vida


Dom Orlando Brandes

Em 2008 vivemos a Campanha da Fraternidade sobre a Vida: “Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19). Natal é a história de uma fecundação, de um feto, de um embrião que foi gerado, cuidado, amado. Natal é festa de uma gravidez levada até o fim, mas que correu o risco do aborto. A mulher que engravidava fora do casamento em Israel, deveria ser apedrejada. Se os pais de Jesus não fossem pessoas de fé, teriam recorrido ao aborto para salvar uma situação bem constrangedora.

Natal é um parto, um nascimento, mais ainda, o aniversário de uma vida fecundada, gerada e nascida. Todo o tempo do Advento, corresponde à expectativa da criança, do nascituro da gravidez de Maria. Santo Agostinho diz que toda a história humana está grávida de Jesus. Nossas almas e nossos corações estejam grávidos da graça de Deus, sejam os novos úteros de Jesus, seus mais autênticos presépios. O primeiro útero que nos gerou, é o seio da Trindade como dizem as Escrituras: “Com amor eterno eu te amei”.

Natal é deixar Jesus nascer nas áreas ainda feridas ou paganizadas de nossa personalidade. Natal é nascer e renascer. Que a vida de Jesus possa tocar e influenciar nossas existências. Podemos ser novas criaturas. Cristo nos dá um novo ser.

No Natal de Jesus, lembramos de todos os agentes da saúde: parteiras, médicos, enfermagem, bombeiros, socorristas que ajudam as crianças nascer. As mães grávidas e as parturientes, são “deusas de vida” e seus úteros são verdadeiros altares e presépios da vida. Toda vida é dom de Deus. Ele é “amigo da vida” (Sab 11,26).

Natal é aniversário de Jesus. Cresçamos com Ele em estatura, sabedoria e graça. Sejam nossas famílias ninhos da vida. A família é o “útero espiritual”, onde os filhos crescem e amadurecem. Nós que defendemos em nossa legislação até os “ovos da tartaruga” em defesa da ecologia, não esqueçamos da ecologia humana, ou seja, da defesa do “ovo humano”, a origem da vida na fecundação.

Natal, festa da vida, mostra a que a vida deve transmitida, gerada, nascida, cuidada e consumada. Natal recorda a sublimidade da paternidade. Que os pais e mães reaprendam a gerar filhos. A vida é beleza vamos admirá-la; é bem-aventurança, vamos saboreá-la; é sonho, vamos concretizá-lo; é desafio, vamos enfrentá-lo; é dever, vamos cumpri-lo; é tesouro, vamos cuidá-lo; é mistério, vamos descobri-lo; é amor, vamos venerá-lo.

Neste Natal, festa da vida, lembremos os Dez Mandamentos do Motorista, para que a vida seja respeitada no trânsito. Lembremos que a doação de órgãos é um gesto de nobreza e humanismo. Lembremos que a nossa genealogia está no coração de Deus. Existimos porque somos amados. “Sou amado, logo existo” (G. Marcel). A experiência mais intensa e profunda que podemos fazer é saber e crer que somos amados.. “Antes da criação do mundo, Deus nos escolheu para sermos santos e íntegros, no amor” (Ef 1,4).

A vida é dom, maravilha e compromisso. É o bem primário e fundamental que se não for respeitado leva à ruína todas as instituições. Sim, a vida obedece à lei da vibração, da evolução e da harmonia. Tudo deriva de Deus, o Senhor da vida, que tanto nos amou que nos fez a dádiva da vida de seu Filho, nascido em Belém. A vida se manifestou. Apalpamos, tocamos a vida na pessoa de Jesus. Nasceu-nos um Menino, é festa da vida.

O Natal mudou a vida de José e Maria. Eles queriam casar-se, ter filhos, já eram noivos. Agora irão viver como irmãos, casados no civil, na obediência da fé, sua vida é totalmente tomada por Deus. O Natal mudou a vida dos pastores. Eles eram gente de má fama e pobres. Foram os primeiros convidados para ir ver o menino, Pastor dos pastores. Igualmente o Natal mudou a vida dos magos. Deixaram a magia para seguir a luz verdadeira, Jesus de Nazaré. Por isso, voltaram por outro caminho.


Fonte: http://www.cnbb.org.br/ns/modules/articles/article.php?id=370

Feliz Natal!